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Comemoração

Curso técnico em eletrotécnica do câmpus Pelotas comemora 60 anos de atividades

Programação de aniversário contará com almoço festivo e exposição de trabalhos e experimentos

  • Escrito por Coordenadoria de Comunicação Social
  • Publicado: Sexta, 27 de Outubro de 2017, 14h12
  • Última atualização em Sexta, 27 de Outubro de 2017, 14h12

O curso técnico em eletrotécnica do câmpus Pelotas completa em 2017, 60 anos de atividades. Para celebrar a data, a coordenação do curso realizará um almoço festivo no sábado (28), a partir das 12h, no Clube Náutico Veleiro Saldanha da Gama. Na terça (31) e quarta-feira (1º), uma exposição no saguão da escola; com distribuição de fôlderes, apresentação de trabalhos e experimentos nas áreas de elétrica, automação residencial e predial, e de eletrônica; encerra oficialmente às comemorações. O evento é aberto à visitação de alunos do 8º e 9º anos do ensino fundamental.

Um dos cursos mais antigos da instituição de ensino, a eletrotécnica sempre foi marcada pelo seu pioneirismo, desde a fundação, em 1957, até os dias de hoje. A primeira turma de técnicos foi a responsável por desbravar um mercado sedento por mão de obra, principalmente a partir da padronização do sistema energético brasileiro, com a criação de empresas estaduais e regionais do setor, como a CEEE, no Rio Grande do Sul.

À época, a então Escola Técnica de Pelotas (ETP) já contava com oficinas de eletricidade, equipamentos de bobinagem, instalações e máquinas elétricas, além de laboratórios e equipamentos específicos. Uma estrutura considerada de vanguarda para aquele período em que o Brasil experimentava um cenário de crescimento em diferentes setores da economia.

“Cada formando era um cartão de visitas para a escola. Assim que recebiam seu diploma, imediatamente eram admitidos por empresas estatais de energia. Nosso excelente conceito e prestígio cruzou fronteiras, e os nossos eletrotécnicos passaram a ser disputados por grandes companhias, como Furnas, Cemig, Eletrosul, entre tantas outras”, afirma o professor aposentado Gilfredo Renck.

Segundo ele, o grande salto do curso técnico em eletrotécnica foi na década de 1980, quando a Escola Técnica Federal de Pelotas (ETFPel) foi escolhida para integrar o projeto da usina hidrelétrica Itaipu Binacional, justamente por conta da qualidade dos profissionais formados pela instituição.

Nessas seis décadas a serviço da educação pública, o curso precisou se reinventar várias vezes para poder acompanhar as rápidas transformações sociais. Na mais recente, em 2013, houve aumento na carga horária de algumas disciplinas e reduções em outras, e adaptação e melhorias de conteúdo, tanto na formação geral quanto nas disciplinas técnicas.

Um exemplo disso é a disciplina sistemas de potência. Para assimilar as novas tendências do mundo do trabalho, ela está sendo adaptada para que o aluno possa ter uma experiência muito mais enriquecedora em relação às energias alternativas, como a fotovoltaica e a eólica. Dois professores do curso, indicados pela Reitoria do IFSul, estão recebendo capacitação específica, através de cursos chancelados pelo Ministério da Educação (MEC) nas áreas de energia solar, voltada para o aquecimento de água, e de geração de energia pelo sistema fotovoltaico. O foco é na elaboração e execução de projetos para a área residencial, com o objetivo de incentivar a economia no consumo de energia.

Além disso, a eletrotécnica, nos últimos anos, tem dado muita ênfase a conteúdos que abordam conceitos de eletrônica, sobretudo microcontroladores, tendo em vista que a automatização das empresas já é uma realidade com a qual o profissional tem de estar preparado para lidar.

Base forte

Atualmente, oferecido nas modalidades integrado e subsequente, o curso técnico em eletrotécnica forma profissionais para atuação nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia; e manutenção residencial, predial e industrial. Ao longo de sua jornada acadêmica, o futuro técnico recebe uma formação generalista, um alicerce sólido para que possa se adaptar com mais facilidade às exigências do mundo do trabalho.

De acordo com a coordenação do curso, a maioria dos estudantes tende para a área de projetos, por ser a que mais oferece oportunidades de colocação no mercado. Isso se confirma principalmente durante os estágios, que é quando o aluno já está mais maduro e começa a definir qual o caminho a seguir.

As visitas técnicas e os chamados microestágios também são uma excelente oportunidade para que os alunos, principalmente os que estão próximos de se formar, possam vivenciar um pouco mais o mercado e estar em contato direto com empresas de diferentes ramos. O momento mais aguardado é a visita de uma semana à usina hidrelétrica Itaipu Binacional, no Paraná. Nem mesmo os cerca de 1,4 mil quilômetros percorridos de ônibus, de Pelotas a Foz do Iguaçu, em mais de 12 horas de viagem, são capazes de desanimar os futuros eletrotécnicos, garante a coordenação do curso.

Todo o processo de ensino-aprendizagem conta com o apoio permanente da supervisão pedagógica do câmpus Pelotas. O setor oferece o suporte necessário para garantir a permanência e o êxito do estudante, com ações que visam incentivar desde a capacitação de professores até reflexões críticas sobre a própria prática docente.

Investimentos

Nos últimos quatro anos, a eletrotécnica recebeu investimentos de quase R$ 4 milhões para incrementar a sua infraestrutura. Os recursos foram aplicados na modernização de laboratórios, com a aquisição de equipamentos de ponta e reestruturação da parte física. Cerca de R$300 mil foram utilizados para a criação de um novo laboratório, há dois anos, voltado a aulas práticas de automação residencial e predial.

“Temos ainda um laboratório externo, localizado atrás do CTG do câmpus, onde trabalhamos com os alunos medições de energia de baixa tensão, envolvendo todos os padrões construtivos utilizados pelas concessionárias de energia”, ressalta o professor Flávio Ney da Silva Franco, atual coordenador da eletrotécnica.

O docente está à frente do curso, no câmpus Pelotas, há quatro anos, mas acumula experiência de mais de quatro décadas nessa área, tendo lecionado por 25 anos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) antes de assumir no IFSul, onde já está há 17 anos. Ele é egresso do curso de Eletrotécnica, turma de 1969, da então ETFPel.

Oportunidades

O curso técnico em Eletrotécnica do câmpus Pelotas forma, em média, 65 técnicos por ano, somando-se as modalidades integrada e subsequente. Apesar da inevitável concorrência, se nessa conta ainda forem adicionados outros tantos formandos oriundos de diferentes instituições de ensino que oferecem o mesmo curso no país, Franco afirma que há, sim, mercado para absorver esses profissionais.

“Formamos técnicos para o mundo elétrico nacional, não só para Pelotas. Temos egressos do nosso curso que conquistaram seu espaço em empresas de diversos estados brasileiros. Alguns, inclusive, montaram sua própria empresa na área”, exemplifica.

O coordenador lembra que existe carência de técnicos em eletrotécnica nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte do Brasil, cujo salário inicial pode chegar a R$3,5 mil, em média. “Mas é preciso que o profissional que queira conquistar seu espaço tenha um espírito desbravador, porque, muitas vezes, são locais remotos e sem muita infraestrutura”, adverte.

Da década de 1970 para cá, o cenário para o profissional técnico sofreu mudanças. Conforme Franco, até a década de 1980, eram as concessionárias de energia, estabelecidas em estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais, as grandes responsáveis por absorver a mão de obra técnica recém-chegada das escolas. Hoje, os maiores empregadores são empresas terceirizadas que prestam serviços para essas mesmas concessionárias de energia e, também, escritórios de projetos e consultorias, aponta.

Estudante do 8º semestre de eletrotécnica no câmpus Pelotas, Alana Dobke Treptow está prestes a se formar e não deve engrossar de imediato a concorrência pelas vagas destinadas a técnicos. A jovem de 19 anos pretende adiar o seu ingresso no mundo do trabalho até concluir a faculdade de engenharia elétrica, curso superior escolhido por cerca de 80% dos estudantes de eletrotécnica do instituto federal. Os outros 20% estão divididos entre engenharia civil, arquitetura e urbanismo e demais graduações, conforme dados apresentados pelo coordenador Flávio Franco.

“A eletrotécnica me deu muita base. Aprendi a me organizar e planejar melhor meus estudos. Sei que vou sair do curso técnico muito mais madura e confiante para enfrentar uma engenharia elétrica”, conta Alana, que entrou para a eletrotécnica do câmpus Pelotas em julho de 2013, aos 15 anos, em busca de um ensino público de qualidade.

Ela confessa que sofreu no início por conta da mudança de ritmo, com uma cobrança muito maior daquela que estava acostumada no ensino fundamental, mas acabou “tirando de letra”, já que sempre teve facilidade com cálculos, principalmente em disciplinas como física e matemática.

“Já no curso técnico, me identifiquei muito com as disciplinas de transformadores e eletricidade (III e IV). Cheguei a ser monitora em nove disciplinas técnicas, onde tive a oportunidade de ajudar colegas com dificuldade”, diz Alana, que fala inglês e espanhol fluente e, atualmente, faz estágio na Reitoria do próprio IFSul, no departamento de manutenção.

“Para mim, o IFSul é um formador de personalidades. Uma instituição que vai lapidando o seu aluno para a vida”, destaca a estudante, sem conter as lágrimas ao citar carinhosamente cada um dos colegas de eletrotécnica que se formará junto com ela em breve.

Assim como a sua “veterana” Alana, Guimell da Silva Scheunemann, 15 anos, tem facilidade com cálculos, e esse foi um dos motivos que o levou para a eletrotécnica. Ele está no primeiro semestre do curso e terá ainda quatro anos de estudos pela frente até decidir qual caminho seguir. No entanto, sabe muito bem as vantagens de sair formado no ensino médio e, de quebra, com um diploma de técnico.

“Penso muito em fazer engenharia elétrica, mas sei que, dependendo das circunstâncias, posso entrar de imediato no mercado de trabalho, até mesmo para poder pagar minha faculdade, caso não consiga entrar numa instituição de ensino pública”, argumenta Guimell, que também sentiu bastante a mudança de rotina e o aumento na intensidade dos estudos quando ingressou no instituto federal.

 

 

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