Ir direto para menu de acessibilidade.
Você está aqui: Página inicial
Início do conteúdo da página
cultura

Tipo exportação: grupo de teatro do câmpus Venâncio Aires se apresenta na Argentina

Grupo do IFSul foi um dos três representantes brasileiros no Festival Mundial de Teatro Adolescente em Buenos Aires

  • Escrito por Coordenadoria de Comunicação Social
  • Publicado: Segunda, 06 de Novembro de 2017, 18h55
  • Última atualização em Segunda, 06 de Novembro de 2017, 18h55

De escolas públicas de Venâncio Aires aos palcos de Buenos Aires. Essa foi a trajetória de um grupo de teatro formado por estudantes do câmpus Venâncio Aires nesse mês de outubro. Após dois anos levando ao público, por meio das artes cênicas, temáticas como a dependência tecnológica, o grupo foi uma das três companhias brasileiras a ser selecionada para o “Vamos que venimos”, Festival Mundial de Teatro Adolescente, que ocorreu em outubro na capital argentina. Após uma seleção entre 90 projetos do mundo todo, o festival, que contou com 20 espetáculos, teve apenas três representantes brasileiros, entre os quais o grupo do IFSul. (Confira, no final da matéria, a agenda de apresentações do grupo em novembro e dezembro)

LEIA TAMBÉM:

🎥 #5PerguntasSobre fazer uma atividade artística

Teatro? Dança? Música? Vem ver o que o IFSul pode te oferecer na área cultural!

O vício no celular, o ciberbullying e a ausência cada vez maior de momentos desconectados de tecnologias digitais são alguns dos temas presentes na peça levada pelo grupo aos palcos do Festival. Diferentemente do que possa parecer à primeira vista, nenhum desses tópicos são trabalhados de forma pontual no espetáculo. Pelo contrário. A partir de uma série de recortes de situações cotidianas envolvendo tecnologia e consumo, o grupo traz para o palco problematizações que vão muito além de objetos ou ações: o pano de fundo da peça “Tanta gente ON com o coração OFF”, como o próprio nome sugere, é a própria sensibilidade humana na contemporaneidade. “Para trabalhar com as questões digitais, percebemos que era preciso ir mais longe e fazer a pergunta: de onde tudo isso vem? E uma das pistas com as quais trabalhamos é a do vazio existencial”, comenta o professor e diretor do grupo, Márcio Rodrigues.

O professor conta que o projeto de extensão, nascido no ano passado com outra peça, chamada “Vazio”, foi levado a diferentes escolas de Venâncio Aires e região, além de outras instituições educacionais do país. E foi justamente a partir de visitas feitas a escolas que o grupo conseguiu identificar o quanto essas temáticas estavam presentes no cotidiano e no imaginário dos jovens. “Ao visitar diferentes escolas, verificamos que a questão do vazio existencial e a tentativa de compensação desse vazio por meio da tecnologia era um tema pulsante”, destaca Márcio. Ele lembra que as conversas realizadas com o público estudantil foram fundamentais para o grupo desenhar o formato da peça e iniciar as discussões teóricas que embasariam o espetáculo.

Estudos, estudos e mais estudos: teoria e prática lado a lado

Muito antes do trabalho cênico, portanto, o grupo já começava um amplo estudo teórico. Para problematizar a contemporaneidade e todo esse ambiente em que os jovens estão imersos na atualidade, alguns autores marcaram presença constante nas discussões, como Bauman e Jung.

Ao mesclar a revisão da teoria com os próprios exercícios teatrais propostos ao longo da criação da peça, o grupo, a partir da troca de bolsistas neste segundo ano do projeto, passou a trabalhar também com outros temas latentes na atualidade. A discussão de novas temáticas, no entanto, veio acompanhada de surpresas e inquietações. “Começamos a trazer para discussão a questão da manipulação midiática e de como a cultura de massa condiciona as pessoas. Só que o nosso maior choque foi perceber que nós todos fazemos parte dessa engrenagem”, comenta o estudante Elvis Chaves, integrante do elenco. Ele complementa que essa inquietação, além de percebida pelo grupo, também era bastante comentada por alunos espectadores da peça.

Para proporcionar esses momentos de reflexão ao público, além das leituras e discussões teóricas, o elenco colocou-se também do outro lado do palco. De acordo com o estudante Jeferson Ribeiro, uma das ações do grupo para adquirir mais repertório e conhecer metodologias de trabalho foi participar do Porto Alegre em Cena como espetadores. “Como tínhamos poucos parâmetros de outras peças teatrais, ir ao festival nos permitiu conhecer inúmeras possibilidades de como trabalhar com essa linguagem”, destaca. Segundo Jeferson, a possibilidade de conhecer mais a fundo essas outras formas de abordagem permitiu ao elenco refletir sobre o seu próprio fazer teatral. “Poderíamos chegar nas escolas, apontar para um aluno e dizer ‘ei, tu, que mexe no celular’, mas percebemos que o teatro impacta muito mais as pessoas”, complementa, ressaltando que a peça montada pelo grupo já foi pensada levando isso em consideração, trazendo, por exemplo, blocos leves e outros mais pesados e impactantes.

Reconhecimento dentro e fora do país

Além da oportunidade de estudarem em uma instituição pública, receberem uma educação de qualidade e ainda participarem de um grupo de teatro da própria instituição, os estudantes envolvidos com o projeto também puderam vivenciar muitas outras experiências proporcionadas por meio da iniciativa. Neste ano, por exemplo, o projeto foi para a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e ganhou o prêmio American Association Psicologhy, além de duas bolsas CNPQ. Na Mostratec, o grupo conquistou o prêmio geral da feira. E, à parte as experiências nas mostras científicas, o elenco também pôde vivenciar a experiência de viajar a outros lugares para apresentar a peça. Um desses casos foi para apresentar no câmpus Capivari do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), e outro, claro, para Buenos Aires.

Preparação para representar o IFSul em outro país - “Quando nós fomos selecionados para o festival na Argentina, pedimos ajuda para a professora de espanhol do câmpus para podermos adaptar algumas partes da peça”, fala Samuel Teixeira, também integrante do elenco. O empenho em adaptar o espetáculo foi tanto que o próprio público reconheceu o trabalho. “Chegamos em Buenos Aires e, já com o conhecimento passado pela professora do câmpus, passamos a observar também como eles usavam as gírias e como conversavam informalmente. Levamos isso para o palco, e muita gente veio nos parabenizar dizendo que conseguia entender muito bem o que falávamos”, comemora Jeferson.

Não bastasse a experiência de apresentar a peça em outro país, o grupo ainda voltou de Buenos Aires com premiações. Eles venceram o festival nas categorias “proposta social”, “direção integral” e “música ao vivo”.

Além de Jeferson, Elvis e Samuel, também integram o grupo os estudantes Leonardo Mendes e Gabriel Miranda.

Agenda para os próximos meses

8 de novembro, às 11h – Apresentação do “Tanta gente ON com o coração OFF” na 1ª semana de Língua Espanhola do câmpus Venâncio Aires. Após a peça, haverá uma conversa com os atores sobre a participação do grupo no Festival de Buenos Aires

16 de novembro, às 19h – Apresentação na Unisc, em Santa Cruz do Sul. A peça será apresentada no evento “Encontros com a poesia”, que acontece há mais de 20 anos com o objetivo de aproximar as escolas da região através de encontros mensais, no intuito de proporcionar momentos culturais para a comunidade

5 a 8 de dezembro – Apresentação no Festival Regional de Teatro em Santa Cruz do Sul

 

Por Greice Gomes

Foto 1: imagem retirada do site do Festival "Vamos que Venimos"

registrado em:
Assunto(s): teatro , ifsul , cultura , venâncio aires
Fim do conteúdo da página