Publicação do IFSul reúne histórias de vida de estudantes de todo o país

Todo mundo tem pelo menos um momento marcante, um episódio da vida que vale a pena narrar. Desde 2013 o projeto “Histórias que merecem ser contadas” reúne em livros, publicados semestralmente, relatos de estudantes do curso técnico em Administração (EJA) do câmpus Sapucaia do Sul. Neste semestre, em comemoração aos dez anos do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja), a publicação foi além: a próxima edição traz histórias de alunos da Rede Federal de educação profissional de todo o Brasil, matriculados em cursos ofertados nesta modalidade de ensino. O lançamento do livro será às 19h desta segunda-feira (18), no câmpus Sapucaia do Sul.

O evento reunirá três iniciativas alinhadas à ideia de valorização da Educação de Jovens e Adultos: além do lançamento da edição nacional, os alunos do curso técnico em Administração vão autografar a nona edição local do livro, e será promovida ainda a Reunião da Frente Parlamentar em Defesa da EJA. Toda a comunidade, acadêmica e externa, está convidada a prestigiar.

A ideia para o projeto Histórias surgiu na disciplina de Língua Portuguesa IV, ministrada pela professora Suzana Trevisan, como uma forma de aliar o desenvolvimento gramatical a uma valorização dos conhecimentos de estudantes que não puderam concluir a formação acadêmica no tempo regular. A professora Débora Taís de Abreu, responsável pelas duas últimas edições locais, exalta a iniciativa. “É uma oportunidade de aprimorar a competência textual dos alunos e de incentivar o gosto pela leitura e pela produção escrita. Além disso, com este trabalho, buscamos valorizar as experiências de vida dos alunos e aproximar as famílias e a escola", analisa.

O coordenador do curso técnico em Administração e um dos editores da publicação nacional, Guilherme Reichwald Jr., diz que a iniciativa confere visibilidade à demanda, que os institutos federais de educação ajudam a suprir, da oferta de vagas no ensino médio para brasileiros jovens e adultos. "Que o legado de Paulo Freire por uma educação popular e emancipatória nos inspire sempre para defender o Proeja e outras práticas educativas, que fomentem visibilidade e afirmação da cidadania de todas as pessoas neste país”, defende. 

A edição nacional reúne 30 histórias, de estudantes de instituições de Pernambuco, Brasília, São Paulo, Paraíba, Alagoas, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. São relatos como o de Angelina Marques, estudante do câmpus Sertão do IFRS, que voltou à escola depois de 48 anos sem contato com os livros, da aluna do IF Sul de Minas, Ilma Marcolino Moraes, que sofreu um grave acidente de trânsito, ou da estudante do câmpus Sapucaia do IFSul, Maria de Lourdes Spadotto, que aos sete anos foi deixada pela mãe na casa de uma família, para fazer companhia ao filho de um ano do casal. "Eu ouvi sem entender muito bem e quando minha mãe saiu se encaminhando pra casa, me bateu um desespero tão grande que, sem pensar, saí rua afora correndo atrás dela. Quando alcancei minha mãe, ela pegou em meus ombros me disse algo que não lembro exatamente o que era, mas imagino que as palavras que ela me disse me fizeram entender que eu deveria ficar lá. Tomou-me pela mão e levou-me até a casa e lá eu fiquei”, recorda em um dos trechos da publicação.