A escola vai ao campo: experiência bem-sucedida do curso de agroecologia do IFSul é pauta de reunião

A sustentabilidade dos centros urbanos passa pelo fortalecimento do campo, e levar educação para esses locais é uma das ações que o IFSul vem colocando em prática. Para ampliar a discussão sobre o tema, a oferta no instituto do curso técnico integrado de agroecologia em pedagogia da alternância, realizado em Canguçu, foi pauta de reunião, nessa terça-feira (25), entre a gestão do IFSul e representantes de entidades parceiras do projeto. O encontro aconteceu na sede da Reitoria e contou com a presença do reitor Marcelo Bender.

Ofertado desde o início do ano, o curso possui uma metodologia de ensino diferenciada. As aulas são elaboradas com base na pedagogia da alternância, o que, conforme a coordenadora do curso pelo IFSul, Gisela Lange do Amaral, possibilita ao estudante adquirir, além de conhecimentos técnicos, uma formação ampla como sujeito, integrando de forma concreta os diferentes conteúdos programáticos.

A coordenadora destaca que, com a pedagogia da alternância, o aluno desenvolve atividades na escola e na sua própria comunidade. “Em uma semana, as atividades do curso acontecem na escola, o que chamamos de ‘tempo-escola’, e em outra, elas são desenvolvidas nas propriedades rurais do próprio estudante, o que chamamos de ‘tempo-comunidade’”, explica Gisela. Segundo ela, no tempo-comunidade, o aluno desenvolve pesquisas que serão norteadoras das atividades posteriores na escola: “o tempo-comunidade é igualmente formativo”, ressalta a coordenadora, frisando que a metodologia vai ao encontro da proposta de formação integral do curso.

E a experiência tem sido tão bem-sucedida que, após visitar as famílias dos 32 estudantes, a coordenação do curso só ouviu relatos positivos. “Os pais dos alunos nos contaram que houve uma mudança significativa no comportamento dos seus filhos em casa: eles conversam mais com os pais e demonstram muito interesse em levar os conhecimentos do curso para as atividades da família na agricultura”, conta Gisela. Além dos familiares dos estudantes, a coordenação do curso também mantém um contato direto com os técnicos da Emater responsáveis pelo acompanhamento das propriedades rurais, e o feedback é igualmente encorajador. “Os técnicos contam que a postura dos alunos diante das atividades rurais da família mudou bastante, porque eles tentam aplicar em casa tudo o que veem na escola, como minhocários, composteiras e estufas”, ressalta.

Além da alternância de atividades em casa e na escola, o curso proporciona aos estudantes outras vivências para o enriquecimento da aprendizagem. Por meio das parcerias estabelecidas com outras entidades, são realizadas visitas técnicas, saídas de campo e participação em eventos da área para troca de experiências.

O futuro do planeta passa pelo campo

A segurança alimentar e a sustentabilidade foram dois pontos trazidos pelo reitor Marcelo Bender como fundamentais para reafirmar o incentivo do IFSul à iniciativa. O gestor também comemora a mudança de visão da sociedade sobre o tema. “Em outros tempos, o convencional era sair do campo e ir para a cidade; hoje, o movimento é contrário: de levar a tecnologia desenvolvida nos centros urbanos para a zona rural”, destacou Marcelo, ressaltando o papel fundamental das instituições de ensino nesse processo. Segundo ele, cada vez mais o distanciamento entre essas instituições e as realidades locais tem sido quebrado.

A aproximação entre as instituições de ensino e o campo, no entanto, não deve ser a única a ser expandida. Na reunião, Marcelo destacou a necessidade de fortalecer iniciativas como essa que, segundo ele, propiciam a transferência tecnológica para o desenvolvimento dos potenciais do campo. Para isso, o reitor comprometeu-se a levar a experiência do curso para reuniões com outras instituições, inclusive em outros países, a fim de agregar mais parceiros à iniciativa.

Saiba Mais

O curso técnico integrado de agroecologia em pedagogia da alternância é realizado no Centro de Formação de Agricultores de Canguçu (Cetac), promovido em parceria pelo IFSul e pela Escola Família Agrícola da Região Sul (Efasul) e tem como entidade mantenedora a Associação Comunitária Escola Família Agrícola (Aefasul).

Além de representantes dessas entidades, a reunião também contou com a presença de representantes de outros parceiros da iniciativa como a União das Associações Comunitárias do Interior de Canguçu (Unaic), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Emater, o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Fotos 1 e 2: Efasul / Foto 3: Alessandro Schwonke