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Documentário histórico de importante folclorista gaúcho é recuperado por meio de iniciativa do IFSul e do IFRS

O curta-documentário “Moçambique”, filmado na cidade de Osório entre 1977 e 1978, foi disponibilizado à comunidade a partir do projeto interinstitucional. Película, de Carlos Krebs, retrata uma das tantas configurações religiosas das tradições afro-brasileiras

  • Escrito por Greice Gomes | Coordenadoria de Comunicação Social
  • Criado: Sexta, 12 de Mai de 2023, 18h41

Uma iniciativa entre o IFSul e o IFRS possibilitou a recuperação de um curta-documentário de importante valor histórico e cultural. A película “Moçambique” (reprodução de imagem nas fotos 1 e 2), filmada em Osório entre 1977 e 1978, foi produzida pelo folclorista e etnógrafo gaúcho Carlos Galvão Krebs e retrata a devoção do Maçambique, uma das muitas configurações religiosas brasileiras das tradições afro-católicas, conhecidas também como congadas ou quicumbis.

 

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Por recuperar e dar visibilidade ao material, a iniciativa representa uma contribuição significativa das instituições envolvidas para a preservação das memórias do País, especialmente do estado. O documentário original, filmado em formato Super 8, com duração de 11min54s, estava sob guarda de Cristina Krebs, neta e guardiã do acervo do folclorista. A partir de recursos públicos do Fomento à Cultura, o material foi digitalizado pelo historiador Vinícius Pereira de Oliveira, professor do câmpus Pelotas-Visconde da Graça do IFSul e membro do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) da unidade. Por meio de projeto de extensão interinstitucional, o registro, agora preservado, foi disponibilizado em acervo digital e apresentado em exibições públicas.

 

Registro audiovisual oferece visão plural sobre a formação cultural do RS

O documentário, de acordo com o professor do IFSul, “se relaciona com a trajetória das comunidades negras litorâneas e com suas lutas por afirmação e liberdade. Frente à rara existência de registros audiovisuais sobre as práticas, saberes e culturas dos grupos populares do período, o documentário comporta um valor inestimável.”

Segundo o docente, um dos responsáveis pelo projeto de extensão interinstitucional, a obra recuperada de Carlos Krebs, falecido em 1992, permite ao público conhecer diferentes manifestações culturais, “oportunizando um olhar mais plural sobre a formação cultural do Rio Grande do Sul.”

 

Contribuição dos Institutos Federais na preservação da memória

Devido a sua capilaridade em todo o Brasil, os Institutos Federais estão presentes em centenas de cidades espalhadas por todas as regiões do País. E é a partir dessa característica dos Institutos que projetos como este se tornam realidade. De acordo com Vinícius, a preservação e a disseminação do documentário reconhece a importância das memórias das comunidades nos quais os Institutos Federais e seus câmpus estão inseridos. “Trata-se de reforçar o cuidado com o patrimônio cultural material e imaterial, propondo meios para registrar, preservar e disseminar as diferentes experiências históricas que compõem a territorialidade dos institutos”, destaca o docente, complementando que o esforço do IFSul e do IFRS é uma contribuição significativa para a formação de uma identidade mais plural e inclusiva da nossa sociedade.

 

Disponibilização e primeiras exibições

Desde o início deste mês, o documentário foi disponibilizado ao público no repositório digital do Núcleo de Memória do IFRS, passando a integrar de forma permanente a sua coleção audiovisual. Antes disso, em outubro do ano passado, o material contou com uma exibição pública (foto 3) durante as festividades em louvor a Nossa Senhora do Rosário (foto 4), em Osório.

O professor Vinícius conta que esta primeira exibição, restrita aos integrantes do Grupo Maçambiques de Osório, foi seguida por uma oficina de memória, na qual eles compartilharam suas lembranças a respeito da história da sua devoção e de seus antepassados. Na ocasião, destaca o docente, o grupo liderado por Rainha Ginga Francisca Dias demonstrou a força da sua tradição perpetuando suas memórias a partir das novas gerações.

Uma segunda exibição do documentário ocorreu, ainda no ano passado, durante a Programação do Novembro Negro, no IFRS câmpus Osório, contando com a participação da Rainha Ginga Francisca Dias e do antropólogo Iosvaldyr Bittencourt Júnior. A atividade teve como público estudantes do câmpus e da UFRGS câmpus Litoral Norte.

Além de Vinícius, participaram da organização das atividades o pesquisador Marcelo Vianna, do IFRS câmpus Osório/Alvorada e do Núcleo de Memória do IFRS; Rodrigo de Azevedo Weimer, da Apergs e UFRGS; e o antropólogo Olavo Ramalho Marques, da UFRGS câmpus Litoral Norte, com apoio do antropólogo Iosvaldyr Bittencourt Júnior. 

 

Saiba mais

Carlos Galvão Krebs (1914-1992) foi um etnógrafo e folclorista brasileiro. Formado em Direito, História e Geografia e Artes Plásticas na década de 1940, foi professor de História da Arte na Universidade de Santa Maria, além de funcionário de carreira da Secretaria de Educação do Estado do RS. Atuou na fundação do Departamento de Tradição e Folclore, embrião do IGTF, ao lado de Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, tendo criado o primeiro curso de folclore do estado, ainda na década de 1950. Pesquisou temas e culturas diversas, contribuindo para um entendimento mais plural sobre a formação cultural do RS.

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